...e, de repente, os capitães de Abril, os cantores, os poetas,os artistas, os jornalistas, os políticos, estão velhos, carecas, gordos e alguns piores do que isso, estão mortos.
Ontem, na RTP, vi 5 horas deles.
Vozes de Abril.
Eu bem digo que isto da memória é uma coisa lixada... lembrava-me de quase tudo, das letras, das músicas, das voltinhas dos lá,lá,lás.
Até da gaivota, que já nem se conseguia ouvir, eu gostei !
Que bem saracoteia ainda o Janita Salomé !
Estava de coração mole pois até a Maria Barroso me pareceu excelente.
Aguentei firme que a dose era forte.
Canções de esperança, de vitória, de alguma desilusão...
Tive saudades daquele tempo. Mas tive ainda mais do futuro.
Com tanta canção a falar-me ao coração foi afinal o Francisco Fanhais, na altura padre Fanhais, a conseguir que a minha emoção extravasasse.
Não sei se foi pelo Vemos, ouvimos e lemos ou se se foi por uma antiga mensagem do Zeca Afonso.
Como é que pode um homem ser tão certeiro que, décadas depois, o discurso assenta que nem uma luva no nosso agora ?!
E já para o fim uma das canções e um músico que é Abril puro. Eu vim de longe - Zé Mário Branco. O maior. Vivo.
Bem gritei de cá - companheiro aqui estou...mas ele não deu conversa e foi para longe...
Eu já sabia que iam deixar a Grândola para o fim.
Era de prever.
O que não estava no meu alinhamento era o Guilherme Leite a apalhaçar um final que se queria, senão grandioso pelo menos digno do momento.Queria brilhar à força, com os gritos quase a sobreporem-se à própria Grândola...não se enxergam !
Mas pronto. Acabou.
Fui até ao espelho.
Pois.
25 de Abril sempre.Juventude nunca mais.
Só a de espírito.
Essa ainda cá anda. De cravo ao peito. Ainda.