Sexta-feira, 30 de Maio de 2008

Tás aqui tás a pagar !

 

Este post vai ser  breve, daqueles que não adiantam nem atrasam.

 

São ideias peregrinas que percorrem as minhas estradas do cerebelo, rápidas demais para virem de joelhos, surgem do nada inconsciente e quando dou por elas já me estão a bater com o cajado na testa (esta frase não tem ponta por onde se lhe pegue, e é uma pena que até comecei com estilo e tudo...)

 

Mas dá-se cá o caso que é o seguinte:

 

Esta semana tive que dar um pulo ao centro, (estas figuras coloquiais saem-me dos dedos directamente para as teclas sem passar pelo discernimento...eu aos pulos ao centro como se estivesse a dançar o vira...)

 

Fui pelo túnel do Marquês ! ( a este também saiu-lhe a sorte grande,mesmo depois de morto continuam a dar-lhe coisas, a estação do Marquês, o Parque do Marquês, o túnel do Marquês )

 

Fui e vim !

 

E foi à vinda que me surgiu a ideia...

 

Isto está a ficar tão 'giro' :

 

Não se paga o contador mas passa-se a pagar uma taxa de disponibilidade.

 

Metemos gasolina e pagamos imposto sobre imposto.

 

E agora a sardinha pela hora da morte...

 

Esmifra aqui, chula acolá.

 

Foi então, já a sair do túnel, que eu tive a visão de umas portagens, com via verde e tudo, e o povéu a pagar 2€  para ir das Amoreiras ao Marquês...

 

( E o António Costa a ler isto : Que bela ideia esta ! Mas não exageremos, 1€ para começar está muito bem )

 

 

                                                             

sinto-me: esmifrada e mal paga
publicado por entreparentes às 22:29
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Quinta-feira, 29 de Maio de 2008

Não se enxergam ?

 

Foi a alegria na voz do miúdo, que em off respondia ao entrevistador da TVI, que fez nascer em mim esta revoltazinha.

 

- Qual é o jogador que gostas mais ?

- O Cristiano Ronaldo !

- Viste-o? Ele falou-te ?

- Não, mas olhou para mim,ele olhou para mim !

 

Bastou um olhar para alegrar  a vida daquela criança !

 

Fará se tivesse havido um olá, um adeus, um sorriso, uma festa na cabeça...

 

Eu sei que já andam stressados, que eles gostam é de jogar e que estes cerimoniais de homenagem não lhes diz quase nada, mas...

 

...daí a passar pelas pessoas da cidade que os acolhe, que os apoia, como cão por vinha vindimada, não se faz.

 

Alguns ainda sorriram, uns acenos aqui e ali, mas a maioria na maior cara de pau.

 

Isto deve ser alguma estratégia da Federação.

 

Alguma directiva que não alcanço.

 

A campanha de publicidade - a do povéu a empurrar o autocarro com os jogadores paulatinamente sentados, sérios, na santa ignorância do esforço despendido cá fora - deve ter dado o mote para o comportamento de hoje.

 

Aliás, o conceito do apoio nacional, apesar de bem passado, leva à habitual crítica jocosa do português ...

 - A gasolina está tão cara que o autocarro só lá chega se o empurrarmos.

 - Aquilo foi da gasolina da Galp.

Não se estava mesmo a ver que ia dar esse resultado?...Tem cliente que é cego !

 

E com tantos sponsers, tanto patrocínio, tanto cartão de sócio, tanto cachecol, tanta cassete, não houve uma alminha que se lembrasse de fazer uns postalecos autografados para dar às crianças, umas bandeiritas assinadas, qualquer coisa que marcasse a passagem deles por Viseu ?

 

Mas não pensem com isto que não apoio a nossa selecção.

 

Sem grandes embadeiranços em arco.

 

Quer dizer, aquela coisa das bandeirinhas, tenho uma no carro, se os meus netos pedirem, eu até ponho...

 

E não lhes vou faltar com o envio do meu astral positivo !

 

Não quero que lhes falte nada!

 

Mas hoje, amiguinhos da selecção, estivera eu em Viseu haveriam de ouvir uma voz a gritar bem alto:

 

- Guarda o dinheiro e fala à gente!!!

 

 

 

sinto-me: mas amuada
publicado por entreparentes às 19:39
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A história de um livro...

 

Foi já depois do almoço que a pergunta saiu disparada pela Lili :

 

- E o teu livro ?

 

Durante aí uns 2-3 segundos os neurónios a debaterem-se entre eles: Sim o livro, ela ficou de trazer um livro ? Alguém lhe emprestou um livro? Ela tinha de devolver um livro ?

Quando os neurónios não se entendem uns com os outros como é que se há-de fazer luz no nosso espírito?

 

Perante a minha hesitação, o sorriso da Lili recua, semicerra-se-llhe os olhos e,de cenho franzido (sim, a palavra não é das mais bonitas mas, porra, toda a gente tem cenho e o cenho da Lili franze quando ela duvida!)diz:

 

- Sim, o teu livro para crianças...

 

- Ah...esse - digo eu como se, por acaso, tivesse escrito mais algum.

 

Os neurónios agitam-se, atropelam-se, vão de encontro às meninges enquanto a voz roufenha do altifalante vai chamando :

 

Atenção, atenção! Classe de neurónios de 78 é chamada com urgência à recepção ! Aos poucos lá vão aparecendo e soprando ao ouvido:

 

Já eras casada, tinhas as duas filhas, já há uns anos que tinhas deixado os estudos de mercado e entrado na publicidade. Mas a grande companhia era a mesma. Ainda com mais detergentes, mais margarinas, mais pastas de dentes, mais sabonetes....

 

(Sabem, a grande companhia ainda lá está, mas maior, por isso vende mais detergentes, mais margarinas, mais pastas de dentes, mais sabonetes...)

 

- Olga, arranja-me um ! Leio sempre para os meus netos ! Gostava de lhes ler o teu !

 

- Aquilo é só um livrinho...feito à pressa ! - não é desculpa de falsa modéstia, é a verdade!

 

E conto:

 

Um dia a... (bloqueio total - só devo ter um neurónio acordado e esse manda-me imagens sem som - um rosto miúdo,os olhos fecham quando ri, morena, girinha -acorda outro que me lança frases em estilo sms.):

 

Oh, pá, vocês sabem, teve um filho chamado Nicola, de um italiano...

 

Salva-me a Lena Coito: - A Maria João Macedo !

 

-Essa mesma ! - como é que me fui esquecer de um nome que dei à minha própria filha !

 

...então um dia a MªJoão veio ter comigo, ela falava por repentes.De jacto.Com risos pelo meio.Tudo sempre a fervilhar naquela cabeça.Vamos fazer livros infantis com algum fundo didáctico.

 

Também veio ter com boa. Em menos de um instante formámos um Grupo Editorial : Grupo Puero, criança em grego ou latim,não interessa. Qual Leya qual coisa.

 

Grupo Puero !

Eu e ela ! Tudo com muita pressa, para aproveitar uma aberta numa tipografia de um amigo dela.

 

Trouxe-lhe a história logo no dia a seguir. Reis, rainhas, princesa, reino sem flores, tudo para explicar a função da clorofila.

 

Tivemos de alargar o grupo para três, por causa das ilustrações.

 

Essas também têm que se lhe diga. Dei a história a ler ao meu parceiro criativo, o Carlos Marques e ateei-lhe a pressa.

 

No outro dia traz-me maquetas para ver se eu gostava e fazer as alterações que fossem precisas e passar à fase final.

 

Mostrei à MªJoão. Estão óptimas ! E foram mesmo assim !

 

Revisão de provas ? Nenhum dos meus neurónios se lembra.

Mas se houve porque é que majestade vem com um g ?

 

Resumindo, fizeram-se 5.000 exemplares que a Agência Portuguesa de Revistas espalhou por todo o país.

 

Sobraram para aí uns 600. Feitas as contas deu para pagar à tipografia.

 

Pegámos em 500, muito bem embalados, mandámos para as crianças de Cabo Verde.

 

Ali, depois do Saramago e do Lobo Antunes sou a escritora portuguesa, viva, mais lida.... (esta informação foi-me dada por um neurónio já com os copos)

 

E pronto ! Esta é uma história simples de um livro cá do meu bairro...

 

 - Olga, arranja lá um, eu pago, eu pago - insistia a Lili, já com várias a fazer coro,enquanto me abria a carteira a um palmo do nariz?

 

- Ok, amiguinhas eu vou mandar o livro.

 

  E como a vida custa a todos vão mesmo pagá-lo.

 

  Já fiz o câmbio para euros

 

  Quando a gente se tornar a ver dão-me 10 cêntimos cada uma !

 

  (eheheheh)

 

 

 

sinto-me: os neurónios também se abatem
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Terça-feira, 27 de Maio de 2008

As meninas do IÉ-IÉ !!!

 

Clara,Mané,Babinho,Lena Coito,Aninhas,A Chefe,Leonilde,Lili, Mena, Gracinha e em baixo eu e a Luísa António.

 

Tenho de começar por pedir desculpa aos milhares de pessoas que acedem a este blog mas é que eu hoje particularizo !

 

Ou seja, este post vai interessar só mesmo a estas 12 pessoas e seus afins...

 

Vá lá, se não é uma delas, desista agora.

 

A não ser que não tenha mais nada de melhor para fazer, possua um pouco de alma cusca e queira  saber quem é este grupo de maravilhosas criaturas.

 

Se ficou por aí, tente adivinhar...

 

Grupo Excursionista Amigas da Uva Esmigalhada ?

 

Não ! Foram só umas malgas de verde, umas garrafinhas de branco...um ou outro uisquinho para rebater, mas até houve umas sensaboronas a água !

 

Coro das actrizes reformadas do Parque Mayer ?

 

Ná ! Aquele solo da Aninhas do  "Era um lindo passarinho" foi só para suavizar o ambiente e retirar o pânico dos olhos do empregado que nos atendeu. É que o restaurante 'O Manel' estava por nossa conta e 12 mulheres aos gritos estava a deixá-lo petrificado...

 

Playboy's old Bunnies do século passado ?

 

Estão a ver alguém de orelhinhas e pom-pom no dito ? Boas...mas não tanto !

 

Afinal somos tão somente um grupo que começou a trabalhar, no mesmo sítio,  nos meados dos anos sessenta e que, passados 40 anos, resolveu confraternizar..

 

 

Aninhas, H.Isabel, Lili, Lena, MªDeus, Mena, Susete, eu, em 1967.

 

Foi para quase todas o 1º emprego.

 

Algumas nem 20 anos tinham.

 

A esta distância - anos luz - vejo a sorte que tivemos. Eu acho.Eu tive.

 

Estudos de mercado. Actividade novissima. Grande companhia. Enorme. Muito detergente, muita margarina, muita pasta de dentes, muito sabonete.

 

Todos os meses entrevistas feitas porta a porta.Centenas de questionários.

 

E depois a gente a contá-los. A dividi-los. A tabulá-los. Um barómetro de marcas a crescer em montinhos nas secretárias.Em cruzamentos.Por classes sociais.Mais por isto e por aquilo.

 

Depois veio a perfuração de cartões e uma enorme máquina a separá-los. Melhorou !

 

Por fim o cálculo das percentagens.Muita manivelada levou aquela Facit.

E,finalmente, a correria com os dados para o Marketing.

 

Havia mais estudos mas, basicamente, era este o trabalho.

 

E de trabalho estamos conversados.

 

Faltam algumas e alguns. Elas porque não puderam vir, eles porque não foram convidados.

Desta vez era uma coisa só de meninas.

As meninas do IEM.

Os outros departamentos da companhia, mais burocráticos, chamavam-nos as meninas do IÉ-IÉ ! (muita invejinha pela nossa desfaçatez,pela nossa juventude,pela nossa irreverência)

 

Tínhamos uma chefe.

 

Açoriana. Bonita. Ainda é. Veio, não estava nos seus dias, mas as gargalhadas que deu eram 'iguaizinhas'.

 

Naquele tempo não nos deu muito sossego.

 

Tanto nos mandava dois berros como treinava para modelo com desfiles de lista telefónica no cocoruto.

Tanto nos dava na cabeça como nos fazia a demonstração dos muitos cremes que passou a usar.

Tanto nos cutucava de vara curta como era a pior de nós todas !

 

Só agora consciencializei...é pouco mais velha que nós.

 

Adiante...a tal enorme companhia não tinha ainda cantina, (eu sei que refeitório é mais fino, mas era cantina que a gente lhe chamava) então punha um autocarro de dois andares à nossa disposição que nos levava das Amoreiras à Baixa.

 

(Não, por essa altura o Taveira ainda não tinha erguido nada por aquelas bandas)

 

Então este rancho desvairado desaguava no Rossio (?)e ia às compras, ver montras ou, simplesmente, almoçar.

 

Porquê A Mó ? Além de aceitar as senhas de almoço haveria alguma razão em especial ?

 

A Lena ia, sistematicamente, comer ovos verdes. A piada que ela achava àquilo.

Foi das que não veio.Tive pena.Fizemos as duas uma longa viagem vida fora, para agora perdermos o rumo...

 

E houve os bailes. Os assaltos dos croquetes e rissóis.Carnavais.

 

Cave de florista limpa à pressa para podermos andar ali a dançar agarrados, esfrega que esfrega, porque em abono da verdade, naqueles anos, não se fazia muito mais !

 

A minha sala de jantar liberta mas o quarto da minha mãe atravancado de cristaleiras e mesas e cadeiras e aparadores Queen Anne.E o melhor da festa é que ela não estava lá e até achava graça à barafunda.

 

Inesquecíveis foram os bailes da Academia Militar.

 

A Leonilde e o Armando,(que estava lá) eram o casal que namorava a sério.

Estão casados até hoje e já têm netos.

 

O resto, como a vida veio a demonstrar, quase tudo não passou de fogo fátuo.

 

Mas era uma excitação o antes e o depois dos bailes.Os vestidos.Os sapatos.O baton.As sombras. O risco do eyeliner.E depois os cadetes. Ai os cadetes...

 

Até eu,num interregno de namoro também sério,lá fui dançar.Só dancei ! Juro !

 

( A sério que aquele Carlos, moreno, alto, lindo, está disponível ?)

 

Deixei para o fim o teatro. Porque ainda hoje me toca muito.

 

A tal grande companhia patrocinava um grupo de teatro de ensaio que levava o seu nome T.E.F.L.

 

Só nós, empregados-actores éramos amadores. Mais o encenador. Rego da Silva.O patrão.

 

Tudo o resto, material e apoio técnico era profissional do melhor. 

 

Fomos os  primeiros a ter microfones de lapela.Um luxo. Nem os profissionais.(aliás muitas vezes os pediram emprestados)

 

E projectores xpto, com um fantástico  orgão de luzes.

 

E professores de dicção, de dança, de expressão corporal.

.

A peça infantil pelo Natal era o nosso must.

Representámos nos melhores palcos... o Monumental, o Eden, o Tivoli, o Trindade, o ABC e o Rivoli e o São Joâo do Porto.

Com orquestra ao vivo. Maestro Fernando de Carvalho.

A grande companhia não brincava em serviço.

 

Algumas tinham mais jeito que outras mas era o todo que importava.

 

E pelos vistos o talento veio até hoje...surpreendente a actuação da Aninhas, já ao jantar na Trindade. Virada de costas, cabeça encostada à parede, os ombros estremecendo ao ritmo de soluços, lembrando um jovem de  amor contrariado.

(Por acaso não podias ter uma memória menos elefantina ?)

 

 

De resto o encontro foi o costume dos encontros deste género...

 

Olha tu, tás mesmo boa ! - dizia eu contente por ver que não era a única com mais de 80 quilos !

 

E, pelo contrário, para a Mané ! -Ai rapariga estás tão magra - e  os meus olhos a faiscarem de inveja.Ela sabe.Não é uma inveja maldosa.É só inveja da pura !!!

 

Mas pelo menos reconheci-as todas.

 

A Leo para a Mena: - és a Aninhas ! Não ? a Suzete ? Não?

E a Mena a perder a paciência - Oh pá, tu tás a precisar é de óculos !

 

A Lili não perdeu aquele que nos concursos de sorrisos ficou em primeiro lugar !

A Clara continua a mesma desbocada de sempre. Saiam da frente ...

 Mena, amiga, ainda não foi desta que pusemos a escrita em dia...

Aninhas a única que me acompanha nestas coisas da blogosfera...  (cliquem aqui para dar uma espreitadela)

Gracinha, a gente ainda se vai encontrando por aí a mostrar netos.

Leonilde gostei de te ver avó ...

Um beijo especial para a chefe !

 

Este era o  chamado núcleo duro. Depois as vindouras:

Lena Coito - a continuar acutilante !

Babinho - alguém lhe chamou o grilinho da consciência !

Luísa António - a saudade dos tempos de uma sala de gargalhadas, partidas e conversas de rangers.

 

Por esta altura está a Mané - " Aquela cabra fez-me organizar isto tudo quase sozinha...apoio moral uma ova...e agora nem uma palavrinha para mim !

 

Deixei-te para o fim só para te dizer - OBRIGADA !

E se quiseres organizar mais coisas destas, comigo, estás à vontade !

 

Sou a maior a mandar palpites... muita táctica de eventos.

 

Quanto ao número das pombas a culpa não foi minha. Tu viste-as lá no Parque.

Mas depois choveu e elas de asa molhada não actuam !

 

Tentei remediar com o meu famoso número de strip tease, mas nem sei porquê, houve logo gritos de recusa ! Manhosas ! Se calhar pensam que estão com tudo no sítio! Peneirosas!

Hão-de cá vir a ver se eu organizo mais coisas destas !

 

Agora a sério...É por estas e por outras ( e olhem que estas outras também não foram nada más !) que eu roubo as palavras a Pablo Neruda e digo como ele : Confesso que vivi !

 

Foi bom tê-las de volta.

 

Por momentos voltámos a ser as rebeldes meninas do IEM !!!

 

 Clara, MªDeus, Lili, Gracinha,Leonilde, Mané, Aninhas e alapada - eu !

 

Obrigada pelas fotos,Lili !

 

Beijos para todas !!!

 

 

 

sinto-me: de pilhas carregadas
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Domingo, 11 de Maio de 2008

Fui ao cirque...

 

...du Soleil e adorei.

 

Merece cada euro dos 'alguns' que custa um bilhete.

 

Mas quem gosta de circo e  de teatro não pode (se puder) perder um espectáculo destes.

 

Agora o que não dá é para fazer comparações com o normal circo das feras, palhaços e etc.

 

É outro conceito. É outra loiça.Nem sequer posso dizer que a loiça é mais Sévres ou mais Caldas, porque não tem comparação possível.

 

Agora gosto muito mais deste, mas não posso renegar a minha meninice perto do circo.

 

Eu morava, na minha infância, mesmo ao lado do Coliseu. A minha família era amiga de um Carlos Covões que geria aquele espaço. Quando chegava a temporada do circo era só entrar...

 

À entrada do acesso lateral estava o vendedor das castanhas e dos chupas. Daqueles cada cor seu paladar. A gente chamava-lhes esticas. Eu gostava dos castanhos. Um dava quase para uma sessão inteira.

 

Era o suprasumo. Esticas e anhucas.

 

Invariavelmente à noite tinha pesadelos.

 

Como adormecia ao som dos rugidos das feras presas e com medo que alguma se soltasse, acabava por sonhar com leões a entrarem-me pela janela.

 

Mas no outro dia lá estava caida. Mais esticas e mais anhucas.

 

Era um mundo maravilhoso aquele. Deliciei-me a cada momento.

 

Não sabia dos sacrifícios dos animais amestrados, das penas do cativeiro, das privações da própria gente do circo. Mas eu acho que eles gostam, são felizes a cumprir o seu destino de gerações.

 

Há anos luz que não vou a este circo mas se me concentrar, basta fechar os olhos e ainda os consigo  ouvir - mininos e mininas, estimável público peço a vossa atenção para este arriscado número...de vida ou de morte... os famosos trapezistas Los Latinos  Voladores !

 

E os tambores a rufar..órioppp ! Eles aí estão! Palmas para Los Latinos Voladores !

 

E nem interessava se  os mesmos Latinos Voladores vinham mais tarde de trapezistas russos Los Prokoff, ou se ela vinha de Madame Tissout e suas pombas...

 

O circo era feito de cor, de música, de perigo, de anhucas e chupas !

 

Era uma festa.

 

Depois cresci.

 

 Dei cabo da magia.

 

E uma vida inteira a equilibrar-me na cadeira do dentista !!!

 

 

 

 

sinto-me: com muito soleil na alma
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publicado por entreparentes às 16:05
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